Sol de Inverno: pressão social de gênero e homofobia limitam encantamento da infância pelos próprios sonhos em cortante longa de Hiroshi Okuyama
Título original: Boku No Ohisama
Países de origem: Japão e França (2024)
Duração: 90 minutos
Gênero: drama
Direção, roteiro e fotografia: Hiroshi Okuyama
Montagem: Tina Baz e Hiroshi Okuyama
Produção: T. Nishigaya, Yuki Nishimiya, Masa Sawada e Anne Pernod
Direção de arte: Norifumi Ataka
Música: Ryosei Sato (Humbert Humbert)
Som: Kosuke Yanagita
Distribuição (Brasil): Michiko Filmes
Elenco: Sōsuke Ikematsu, Keitatsu Koshiyama, Kiara Nakanishi
A Takuya (Keitatsu Koshiyama), o aroma do novo guarda antes o sabor da chegada do inverno. Reduzida, a razão de aspecto de Sol de Inverno (título original: Boku No Ohisama; título em inglês: My Sunshine) (2024) (Michiko Filmes, 2025) é metonímica da performance social de gênero que, opressiva, vincula à dissidência o papel da inadequação. Em meio patriarcal, o pressionado protagonista tenta debelar os obstáculos masculinistas do cotidiano, quando a dourada luz solar penetra a gelada pista de treinos da rotina coreográfica de Sakura (Kiara Nakanishi) para mostrar-lhe mundo possível de encantamento.
Ao perceber a assiduidade do jovem, o ex-patinador Arakawa (Sōsuke Ikematsu) dispõe-se a treiná-lo ao lado da pupila em processo reativador da carreira ainda no passado sancionada, entende-se, pela homofobia institucional. Se as personagens de Koshiyama e de Ikematsu compartilhariam em cenários, em figurinos e em enquadramentos a proibição em verde às suas singularidades, a menina de Nakanishi amargaria performar a excelência materna em esporte cujo femismo era particularmente desprezado. Unido, por fim, o terceto faria das próprias solitudes e da diferença clara chance de troca de afetos até o fóbico confronto com a ampla realidade de violências do desamor.
Aos alunos e ao professor, caberia seguir em vértice oposto àquele do imputado futuro de melancolia e de escuridão, sendo o recomeço sob exercício mais corajoso das verdadeiras paixões merecido vislumbre da primavera dos sonhos.