Sol de Inverno: pressão social de gênero e homofobia limitam encantamento da infância pelos próprios sonhos em cortante longa de Hiroshi Okuyama

Thainá Campos Seriz
2 min readJan 16, 2025

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Pôster promocional de “Sol de Inverno” (título original: “Boku No Ohisama”; título em inglês: “My Sunsinhe”) (2024) (Michiko Filmes, 2025), longa dirigido, roteirizado e fotografado por Hiroshi Okuyama. Foto: divulgação.

Título original: Boku No Ohisama
Países de origem: Japão e França (2024)
Duração: 90 minutos
Gênero: drama
Direção, roteiro e fotografia: Hiroshi Okuyama
Montagem: Tina Baz e Hiroshi Okuyama
Produção: T. Nishigaya, Yuki Nishimiya, Masa Sawada e Anne Pernod
Direção de arte: Norifumi Ataka
Música: Ryosei Sato (Humbert Humbert)
Som: Kosuke Yanagita
Distribuição (Brasil): Michiko Filmes
Elenco: Sōsuke Ikematsu, Keitatsu Koshiyama, Kiara Nakanishi

A Takuya (Keitatsu Koshiyama), o aroma do novo guarda antes o sabor da chegada do inverno. Reduzida, a razão de aspecto de Sol de Inverno (título original: Boku No Ohisama; título em inglês: My Sunshine) (2024) (Michiko Filmes, 2025) é metonímica da performance social de gênero que, opressiva, vincula à dissidência o papel da inadequação. Em meio patriarcal, o pressionado protagonista tenta debelar os obstáculos masculinistas do cotidiano, quando a dourada luz solar penetra a gelada pista de treinos da rotina coreográfica de Sakura (Kiara Nakanishi) para mostrar-lhe mundo possível de encantamento.

Deslocado de seu meio, Takuya (Koshiyama) apaixona-se pela rotina de Sakura (Nakanishi) na patinação artística. Atento aos desejos do jovem, o professor Arakawa (Ikematsu) decide treiná-lo junto à promissora aluna e, no percurso, redescobre a paixão por que tivera sido impedido de viver no passado. Foto: reprodução.

Ao perceber a assiduidade do jovem, o ex-patinador Arakawa (Sōsuke Ikematsu) dispõe-se a treiná-lo ao lado da pupila em processo reativador da carreira ainda no passado sancionada, entende-se, pela homofobia institucional. Se as personagens de Koshiyama e de Ikematsu compartilhariam em cenários, em figurinos e em enquadramentos a proibição em verde às suas singularidades, a menina de Nakanishi amargaria performar a excelência materna em esporte cujo femismo era particularmente desprezado. Unido, por fim, o terceto faria das próprias solitudes e da diferença clara chance de troca de afetos até o fóbico confronto com a ampla realidade de violências do desamor.

Aos alunos e ao professor, caberia seguir em vértice oposto àquele do imputado futuro de melancolia e de escuridão, sendo o recomeço sob exercício mais corajoso das verdadeiras paixões merecido vislumbre da primavera dos sonhos.

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Thainá Campos Seriz
Thainá Campos Seriz

Written by Thainá Campos Seriz

Historiadora (UFF). Pesquisa e revisão de conteúdo no Canal Preto. Escrevo sobre cinema.

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