Sing Sing: masculinidades negras e não brancas triunfam por mergulho autodefinido em desejos, em saberes e nos afetos da própria história no comovente longa de Greg Kwedar

Thainá Campos Seriz
2 min readFeb 13, 2025

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Pôster promocional de “Sing Sing” (2023) (Diamond Films, 2025), longa dirigido Greg Kwedar e roteirizado por Clint Bentley e por Greg Kwedar em adaptação à peça original “Breakin’ The Mummy’s Code” e ao Programa de Reabilitação pelas Artes (RTA, na sigla em inglês) indicado a dois Oscars (Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator). Foto: reprodução.

Título: Sing Sing
País de origem: Estados Unidos (2023)
Duração: 105 minutos
Gênero: drama
Direção: Greg Kwedar
Roteiro: Clint Bentley e Greg Kwedar
História: Clint Bentley, Greg Kwedar, Clarence Maclin e John Whitfield
Produção: Monique Walton, Clint Bentley e Greg Kwedar
Fotografia: Pat Scola
Montagem: Parker Laramie
Música: Bryce Dessner
Distribuição (Brasil): Diamond Films
Elenco: Colman Domingo, Clarence Maclin, Sean San José, Paul Raci

Humanizadora, a câmera de Sing Sing (2023) (Diamond Films, 2025) bem-horizontaliza a apresentação das trajetórias cuja proximidade focal pretende-lhe ser espaço vocalizador. Encerrada por cores instauradas e nas austeras linhas arquitetônicas do centro prisional homônimo, a luz a penetrar os gradis faz do anseio à liberdade signo de esperança no recomeço da vida em outro lugar. Via processo autodefinido, a jornada rumo ao paraíso de si envolve decair à dor até transformá-la em sentir artístico e em vulnerabilidade no refazimento dignitário da existência ante a negação do mundo à própria história.

Privados da liberdade, internos do Presídio de Segurança Máxima Sing Sing (NYC) inscrevem-se no Programa de Reabilitação pelas Artes (RTA) como instrumento do reencontro consigo pelo sentir artístico das próprias vulnerabilidades. Com a chegada de “Divine Eye” (Clarence Maclin, à esquerda) ao grupo, “Divine G” (Colman Domingo, à direita) e suas contrapartes não seriam mais os mesmos. Foto: divulgação/Diamond Films.

Redimidas tão só por sua agência aos desertos emocionais e às glórias possíveis do viver, as negras e não brancas masculinidades envidadas permitem-se afetar aos humanos desejos de fazer que rejeita a além-exploração de tragédias em detrimento de querer pensante. Neste sentido, Colman Domingo e Clarence Maclin triunfam em desnudar-se profundamente interior de subjetividade e de memória. À volta para casa ou à permanência sob tutela ainda determinada, denuncie-se a racista falibilidade do sistema penal-criminal e de justiça estadunidense e advogue-se pela proteção a direitos, a saber, o exercício da cidadania.

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Thainá Campos Seriz
Thainá Campos Seriz

Written by Thainá Campos Seriz

Historiadora (UFF). Pesquisa e revisão de conteúdo no Canal Preto. Escrevo sobre cinema.

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