O Labirinto do Fauno: fantasia é espaço de reconstrução do legado democrático à história de Espanha e do mundo em clássico da filmografia de Guillermo del Toro
Título original: El Laberinto del Fauno
País de origem: Espanha, México e Estados Unidos (2006)
Duração: 118 minutos
Gênero: fantasia; suspense; drama histórico; guerra; aventura
Direção e roteiro: Guillermo del Toro
Produção: Álvaro Augustín, Alfonso Cuarón, Bertha Navarro, Guillermo del Toro e Frida Torresblanco
Fotografia: Guillermo Navarro
Montagem: Bernat Vilaplana
Direção de arte: Eugenio Caballero
Efeitos visuais: Robert Stromberg
Música original: Marc Shaiman
Desenho de som: Martín Hernández
Figurino: Lala Huete
Maquiagem: José Quetglás
Distribuição (Brasil): Warner Bros. Pictures
Elenco: Ivana Baquero, Doug Jones, Maribel Verdú, Sergi López, Ariadna Gil, Álex Angulo
Mesmo à claridade discernível dos dias, a noite jamais parece adormecer em O Labirinto do Fauno (título original: El Laberinto del Fauno) (Warner Bros. Pictures, 2006) e, ante os olhos, o delírio franquista realizar-se-ia estressor irracional da defenestração subjetiva do humano. A inspiração em clássicos do gênero faz da viagem de Ofelia (Ivana Baquero) ao (sub)mundo fantástico resgate à memória de valores solidários e à genuinidade de tamanha descoberta em momento coletivo de reinformação identitária. Como Alice Liddell (1865), como Dorothy Gale (1900; 1939) ou como a prometida princesa Moana, conclui o diretor-roteirista Guillermo del Toro, o encontro com seres imaginários projeta em sonhos o sequestro às opressões vivido entre a realidade e, porque suspenso, assenta-se elemento já não fabular de intervenção material pró-democracia.
O triunfo autoritário no pós-1939 espanhol transformaria em barbárie o arbítrio e a abdução de mãe (Maribel Verdú) e de filha para a concretude do experimento eugenista do capitão Vidal (Sergi López) em meio à tentativa de derrota da resistência antifascismo. Herança desejada no retorno ao reino, a promessa de felicidade ao lado da família perdida em sangrenta guerra (1936–9) tornaria os esforços da menina consecutivos da paz, pois de superação das injustiças pela salvaguarda do bem comum. Equiparável ao sacrifício de inocentes e das forças republicanas na Guerra Civil Espanhola, o sangue derramado da rebenta de Carmen operar-se-ia restaurativo da verdade autoritária da ditadura falangista (1939–75) e do legado da defesa democrática em uma história universal, já que a contrapelo (Benjamin, 1940).