O Brutalista: apologia a pedantismo julgado brilhante transforma épico de Brady Corbet em propaganda sionista constrangedora
Título original: The Brutalist
Países de origem: Estados Unidos, Reino Unido e Hungria (2024)
Duração: 215 minutos
Gênero: drama histórico; épico
Direção: Brady Corbet
Roteiro: Mona Fastvold e Brady Corbet
Produção: Trevor Matthews, Nick Gordon, Brian Young, Andrew Morrison, Andrew Lauren, D.J. Gugenheim e Brady Corbet
Fotografia: Lol Crawley
Montagem: Dávid Jancsó
Direção de arte: Judy Becker
Música: Daniel Blumberg
Figurino: Kate Forbes
Distribuição (Brasil): Universal Pictures
Elenco: Adrien Brody, Felicity Jones, Guy Pearce, Joe Alwyn, Raffey Cassidy, Stacy Martin, Emma Laird, Isaach de Bankolé, Alessandro Nivola
O Brutalista (título original: The Brutalist, 2024) (Universal Pictures, 2025) é contumaz na operação de desvelamento da farsa americana ao também emular grandiloquente o destino de vocação inventada mitologia. A caricatura construída por Guy Pearce para Harrison Van Buren é nevrálgica em declarar medíocre uma branquidade acreditada brilhante no vazio epistemológico de humanismo supremacista, porém. Crítico, o roteiro de Brady Corbet e de Mona Fastvold é enfático em comentar o desprezo à psicologia social de autodepreciação que, fundante ao país, outrifica o próprio horror à irrelevância de si no sequestro predatório das potencialidades de maiorias racialisticamente minorizadas como diferenças.
Decerto não intencionada, contudo, a baixeza daquela rasa personalidade espelharia reflexo de projeção talvez não advertida. László Tóth (Adrien Brody) parece creditar o reconhecimento de seu brilhantismo à culpa a querer provocar por trauma histórico não evitado e, porque pedante, ressente-se em não vê-lo celebrado pela burguesia capitalista estadunidense. Além de desprezar enquanto intelectuais as contribuições de experiências migrantes outras — recorde-se dos casos indígena e negro-africano — à formação nacional, a excepcionalidade indulgente de Corbet — Tóth é-lhe alter ego — transforma a simples autonomia do exercício criativo em direito territorial a uma manifesta grandeza outrora negado e, por isso mesmo, em propaganda sionista. Se as rígidas linhas da brutal arquitetura tóthiana expressam sensibilidade cuja fruição tenta reparar dores e deseja-se autodeterminada por legítimas pretensões, o chamado constante a elogio sempre apologético torna constrangida, e não genuína, qualquer merecida reverência.