No Other Land: documentário faz anatomia da ocupação israelo-sionista em novo registro à histórica sanha colonial euro-estadunidense sobre a Palestina
Título: No Other Land
Países de origem: Palestina e Noruega (2024)
Duração: 96 minutos
Gênero: documentário
Direção: Basel Adra, Rachel Szor, Hamdan Ballal e Yuval Abraham
Roteiro: Basel Adra, Hamdan Ballal, Yuval Abraham e Rachel Szor
Produção: Fabien Greenberg e Bård Kjøge Rønning
Fotografia: Rachel Szor
Montagem: Yuval Abraham, Basel Adra, Hamdan Ballal e Rachel Szor
Desenho de som: Bård Harazi Farbu
Música: Julius Pollux Rothlaender
Elenco: Basel Adra, Yuval Abraham, Hamdan Ballal
A anatomia da ocupação em imagens, outras da numerosa sequência produzida em registro ao arbítrio israelo-sionista na Palestina. À frente das câmeras, o ativista Basel Adra e o jornalista Yuval Abraham envidam as ações do coletivo palestino-israelense também formado por Hamdan Ball (fotógrafo e cineasta) e por Rachel Szor (diretora de fotografia e cineasta) na historialização da queda do vilarejo de Masafer Yatta (Cisjordânia) às Forças de Defesa de Israel, em novo evento inscrito à assimétrica economia colonial produzida na região anterior a 7/10/2023. Em No Other Land (2024), a onisciência imagética justapõe-se à câmera cuja pessoalidade (por B. Adra) interpola-se a fontes primárias e secundárias no estabelecimento da cronologia de anexação da aldeia palestina via limpeza étnica em três atos: militarizada por projeto de lei aprovado no Knesset, a heteroconstituída zona passaria à propriedade do Exército e, porque declarada não habitável, a infraestrutura reprodutiva da vida preexistente, a saber, escolas, locais de culto, sítios arqueológicos, pequenos comércios e residências, é perniciosamente destruída, quando o uso violento da força (militar e paramilitar, no caso de colonos israelitas assentados) contra civis realiza-se expediente dissuasor (coercivo) final.
Como desvelada, a remota trajetória familiar de lutas de Adra objetiva assigná-lo e à coletividade de nascimento protetores originários da terra, enquanto a fiel parceria com Abraham credencia a aliança entre pertenças plurais na resistência antissionista pela descolonização. A variedade de dispositivos empregada na e para a denúncia ao mundo daquele processo emula ante a primazia de diferenciados olhares intifada (“levante”, em árabe; انتفاضة) contranarrativa à hegemonia comunicacional euro-estadunidense pró-sionismo. Nunca armada, a disputa de ideias perfeita à atividade de imprensa faz do corpo e da palavra operadores não sensacionalistas do enfrentamento à ignomínia, pois únicos ativos remanescentes da despossessão material e do desprezo manifesto em seletivas comoções internacionais.
Encerrado antes da inflexão vista em 10/23, o documentário vincula-se conjunto fático à agência de tipo genocidária — além do assassínio, a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio (Resolução 260 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 9/12/1948) prevê a causalidade de danos físicos ou mentais e o jugo deliberado de membros de grupo nacional, étnico ou racirreligioso a condições a provocar seu aniquilamento físico, total ou parcial, entre os crimes do rol de tentativa e/ou de promoção do genocídio — já quase secular, contudo, da referida entidade ocupante dos Territórios Palestinos, sendo os dramáticos contornos desde então acrescidos hecatombe não obstruída à inércia escolhida em resposta ao horror.