Flow: animação de Gints Zilbalodis é didática em estabelecer a solidariedade como valor fundamental à garantia da vida entre perigos e ameaças

Thainá Campos Seriz
2 min readFeb 18, 2025

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Pôster promocional de “Flow” (título original: “Straume”, 2024) (Mares Filmes, 2025), animação dirigida por Gints Zilbalodis e roteirizada por Gints Zilbalodis e por Matīss Kaža indicada a dois Oscars. Foto: reprodução.

Título original: Straume
Países de origem: Letônia, Bélgica e França (2024)
Duração: 85 minutos
Gênero: animação
Direção: Gints Zilbalodis
Roteiro: Gints Zilbalodis e Matīss Kaža
Produção: Gints Zilbalodis, Matīss Kaža, Ron Dyens e Gregory Zalcman
Fotografia e montagem: Gints Zilbalodis
Efeitos especiais: Léo Silly Pelissier e Pierre Mousquet
Música: Rihards Zalupe
Distribuição (Brasil): Mares Filmes

Certamente cultivável ao influxo de qualquer trajetória, a solitude parece conciliar a tentativa de realização do futuro com os desafios do presente e com o temor de frustrações. No caso de Flow (título original: Straume, 2024) (Mares Filmes, 2025), entretanto, a perspectiva da hecatombe climática confronta as certezas da pacata vida de irrelevâncias de um pequeno gato cuja resposta ao chamado da natureza parece oscilar entre a superação de um passado traumático não revelado e a recusa à conformidade. A fuga à inundação da floresta de origem provoca a série de encontros responsável pelo desabrochar do inseguro felino que, aos poucos, conquista a liberdade das próprias emoções na afetiva jornada de refazimento dos laços comunitários.

Abrupta, a inundação da grande floresta em que um pequeno gato preto habita envereda-o pela jornada do encontro consigo e com outra forma de solitude entre o que parece ser a retessitura de sua subjetividade pelo cultivo dos afetos em hora de franca ameaça à vida e à existência como se conhece. Foto: reprodução.

A beleza do projeto gráfico do filme de Gints Zilbalodis faz das cores em tela potente reflexo interior dos atravessamentos surgidos ao esforço de sobrevivência. Representando aspectos de psicologias várias, o cachorro, a capivara, o lêmure e o pássaro-secretário materializam estágios do amadurecimento desencadeado à proximidade de novos atores na reconstrução de história não mais tão solitária em seu mundo. Se à amizade a crença no bem-viver reserva o direito à esperança, a solidariedade torna-se valor a celebrar na luta pró-atraso do fim da existência como conhecemos.

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Thainá Campos Seriz
Thainá Campos Seriz

Written by Thainá Campos Seriz

Historiadora (UFF). Pesquisa e revisão de conteúdo no Canal Preto. Escrevo sobre cinema.

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