Amores Expressos: urbanidade caótica é espaço não interior de desilusões amorosas e da solidão em Wong Kar-wai
Título original: Chung Hing sam lam; 重庆森林
País de origem: Hong Kong (1994)
Duração: 102 minutos
Gênero: comédia; policial; drama
Direção e roteiro: Wong Kar-wai
Fotografia: Christopher Doyle e Lau Wai-Keung (Andrew Lau)
Montagem: William Chang, Kai Kit-wai e Kwong Chi-Leung
Empresa produtora: Jet Tone Films
Distribuição: Block 2 Distribution
Elenco: Brigitte Lin Ching-hsia, Takeshi Kaneshiro, Tony Leung Chiu-Wai, Valerie Chow, Faye Wong
O intercruzamento de histórias em uma urbanidade caótica e hiperglobalizada é matéria de Amores Expressos (título original: Chung Hing sam lam; 重庆森林) (Block 2 Distribution, 1994), longa com direção e roteiro de Wong Kar-wai. Já na Hong Kong de 1994, o espaço interior de desilusões amorosas parecia sublimar-se ao tempo aceleradamente anticontemplativo das cidades e ao drama de desencontros definitivos, pois antes produtos da alienação identitário-laboral. Neste sentido, o abuso de step-printings e de planos holandeses recria em tela o assombro à fortuidade dos encontros assim conformados na cena urbana, enquanto flashbacks e flashforwards concorrem à ambientação das dores das personagens masculinas em leitmotivs forjados à narrativa. Sob o passar das horas do relógio de placas, importante elemento dramático, a saturação colorimétrica de alguns cenários e a trilha sonora realizam a sondagem psicológica dos policiais He Qiwu (Takeshi Kaneshiro) e 663 (Tony Leung Chiu-Wai) abalados pelo término de suas relações afetivas via desvelar de sentimentos e de (des)motivações à imersão sensorial (visual e/ou auditiva).
Ao que o foco a espelhos em planos detalhes compreende a revelação do estado de coisas emocional, em outra vaga, a pluralidade de ruídos captada cena a cena amplifica a solidão criada àquele embaraço amoroso no mesmo caos do múltiplo fazer e do deslocar-se urbano. A observação qual trabalhada na fotografia de Chungking Express (título em inglês) também estabelece à intrusividade da vigilância obrigatória à existência na era do capital (Hobsbawm, 1975) a validade das distrações antissubjetivas para o recomeçar. A inserção transnacionalizada das economias mundiais informa singularidades confusas entre a lealdade ao local/regional ou ao global, porquanto desenraizadas de suas histórias coletivas e da tradição inventada (Hobsbawm; Ranger, 1983) comum a um território. Faça-se, então, do amor por outrem ou próprio resistência disponível ao massacre do cotidiano urbanoide capitalista sobre as humanidades.
Visto para o Clube do Filme.