A Verdadeira Dor: retorno ao passado funda esperanças da continuidade da vida no presente em longa de estreia de Jesse Eisenberg na direção cinematográfica

Thainá Campos Seriz
2 min readJan 30, 2025

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Pôster promocional de “A Verdadeira Dor” (título original: “A Real Pain”, 2024) (20th Century Studios, 2025), longa dirigido e roteirizado por Jesse Eisenberg indicado a dois Oscars. Foto: reprodução.

Título original: A Real Pain
Países de origem: Estados Unidos e Polônia (2024)
Duração: 89 minutos
Gênero: comédia; drama
Direção e roteiro: Jesse Eisenberg
Produção: Dave Mccary, Ali Herting, Emma Stone, Jesse Eisenberg, Jennifer Semler e Ewa Puszczynska
Fotografia: Michal Dymek
Montagem: Robert Nassau
Direção de arte: Mela Melak
Figurino: Malgorzata Fudala
Distribuição (Brasil): 20th Century Studios
Elenco: Jesse Eisenberg, Kieran Culkin, Will Sharpe, Jennifer Grey, Kurt Egyiawan, Liza Sadovy, Daniel Oreskes

A Verdadeira Dor (título original: A Real Pain, 2024) (20th Century Studios, 2025) emula o seu gênero: em tracking shots, o constante movimento dos primos David (Jesse Eisenberg) e Benji Kaplan (Kieran Culkin) por distintas paisagens imprime entre a replicação da experiência migrante o problema constituído pela memória e por traumas transgeracionais a uma identidade desterritorializada. Gerada por contingência histórica — em evidência, a Shoah — , aquela ruptura impõe dilemas, ambivalências e dores cuja fundação epigenética confronta-se com a ansiedade do retorno como fuga ao presente que se crê roubado. Neste sentido, enquanto o restabelecimento de um continuum ancestral parece querer historicizar presença sabida estrangeira, a interrelação familiar construída por Eisenberg eiva de frustrações, de (des)esperanças e de incertezas o esforço da sobrevivência e a continuidade em si da vida.

A viagem de retorno à Polônia natal da avó reuniria os primos David (Eisenberg) e Benji Kaplan (Culkin) para uma compartilhada jornada da travessia de dores que, ancestrais, refletiriam sobre o presente dilemas, ansiedades, desertos emocionais e a esperança roubada pela resiliência de passado tão inescrutável quanto o desalento vivido entre silêncios. Foto: reprodução.

Na trilha sonora, o autor polonês (1810–1849) sedimenta nas Noturnas o caráter romântico da viagem à terra natal, pois síntese de desejo cultivado no exílio. Seja o direito à lembrança resgate poderoso do valor de bem-viver enquanto triunfo da singularidade de existir em qualquer lugar. A Benji, a inexatidão do agora ainda cederá solo fértil ao florescimento de visão mais gentil sobre o merecido amor à própria dignidade.

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Thainá Campos Seriz
Thainá Campos Seriz

Written by Thainá Campos Seriz

Historiadora (UFF). Pesquisa e revisão de conteúdo no Canal Preto. Escrevo sobre cinema.

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